Mesmo após infarto, maioria das pessoas mantém comportamento de risco

Atitude está relacionada à dificuldade que as pessoas têm de implementar um novo estilo de vida.

Maior causa de morbimortalidade no mundo, o infarto do miocárdio, ou ataque cardíaco, é a morte das células de uma região do músculo do coração por conta da formação de um coágulo que interrompe o fluxo sanguíneo de forma súbita e intensa. A cada ano, cerca de 300 mil pessoas sofrem um infarto agudo do miocárdio no Brasil, conforme dados do Ministério da Saúde.

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O infarto pode ocorrer em qualquer parte do coração, dependendo de qual artéria foi obstruída. Em casos raros, o infarto acontece por contração da artéria, interrompendo o fluxo de sangue ou por desprendimento de um coágulo originado dentro do coração e que se aloja no interior dos vasos.

Os principais fatores de risco para o infarto são tabagismo, colesterol elevado, hipertensão (pressão alta), diabetes, obesidade, sedentarismo, estresse e depressão. Os diabéticos têm de duas a quatro vezes mais chances de sofrer um infarto. Pacientes com familiares próximos (pais ou irmãos) com histórico de infarto também têm mais chance de desenvolver a doença. No caso das mulheres, o risco aumenta a partir dos 55 anos de idade.

Se não bastasse o número de ataques cardíacos no Brasil, chama a atenção o fato de a maioria dos indivíduos continuar com um comportamento de risco mesmo após ser vítima dessa enfermidade, conforme já registrado pela Sociedade Brasileira de Cardiologia.

Acredito que essa atitude esteja relacionada à dificuldade que as pessoas têm de implementar um novo estilo de vida. Uma pesquisa do Datafolha, realizada em seis capitais brasileiras, também revelou que as pessoas que sofrem um infarto procuram mudar o estilo de vida no primeiro ano, mas depois tendem a retomar os hábitos ruins.

Adotar bons hábitos, aliás, é essencial para a saúde de quem já sofreu um ataque cardíaco. É importante que a pessoa faça exercícios supervisionados, porque isso melhora a função cardíaca, promovendo uma melhora da microcirculação no local onde sofreu um infarto.

Além da atividade física na rotina, a pessoa que sofreu um infarto terá que eliminar hábitos nocivos à saúde como fumar, beber em excesso e ingerir alimentos gordurosos e com muito sal. Caso seja obeso, precisa perder peso. A Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular alerta que quem não segue as recomendações médicas pode ter um novo acidente cardíaco em cinco anos.

Conheça os principais sintomas de infarto

Dor ou desconforto na região peitoral, podendo irradiar para as costas, mandíbula, braço esquerdo e, raramente, o braço direito, são os principais sintomas de um ataque cardíaco. Esse desconforto costuma ser intenso e prolongado, acompanhado de sensação de peso ou aperto sobre tórax.

Tais sinais costumam ser acompanhados de suor frio, palidez, falta de ar, sensação de desmaio. No caso de idosos, o principal sintoma pode ser a falta de ar. A dor também pode ser no abdome (semelhante à dor de uma gastrite ou esofagite de refluxo), mas é algo pouco frequente. Nos diabéticos e nos idosos, o infarto pode ocorrer sem sinais específicos.


Valério Vasconcelos é doutor em cardiologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, pesquisador e escritor. Médico pesquisador no Instituto do Coração da Faculdade de Medicina da USP (InCor/FMUSP).
Dr. Valério Vasconcelos
Dr. Valério Vasconcelos
Doutor em Cardiologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e Médico pesquisador no Instituto do Coração da Faculdade de Medicina da USP (InCor/FMUSP).

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