Vírus do extremismo: tão mortal quanto uma facada

O problema é que a cura vai demorar chegar.

Toda pessoa que já discutiu sobre política sabe que é quase impossível convencer alguém de que está enganado, principalmente em questões ideológicas. Mas essa possibilidade existe, embora seja pequena. Já quando se trata do vírus do extremismo, essa possibilidade é quase nula.

- Publicidade -[adning id="2114"]

No programa Hora H, da Rede Mais Rádio, capitaneado pelo jornalista Heron Cid, o editorial do radiofônico atentou para um assunto reverberado nos bastidores da política nacional sobre um documentário que investigou a facada mais famosa das eleições de 2018.

“Nem a crítica e ruidosa Folha de São Paulo embarcou na aventura protagonizada por um arremedo de documentário que pretende colocar sob dúvida a facada contra Jair Bolsonaro. Mas, deputados do PT referendaram e reverberaram a tese fantasiosa levantada por um jornalista do site Brasil 247, de claro inequívoco viés petista”, diz o confrade.

Conforme o jornal Folha de São Paulo, parlamentares e dirigentes do Partido dos Trabalhadores estão emulando nas redes sociais a fantasiosa tese de que a tentativa de assassinato de Jair Bolsonaro em 6 de setembro de 2018 pode ter sido um atentado falso, forjado pelo próprio candidato à Presidência com o objetivo de ser eleito.

A suposição é insinuada em 1 hora e 44 minutos de um documentário lançado no último sábado (11) pelo site Brasil 247, alinhado ao PT. No título, a acusação é feita de forma direta — “Bolsonaro e Adélio, Uma Fakeada no Coração do Brasil”.

A Polícia Federal concluiu, em duas investigações, que Adélio Bispo de Oliveira agiu sozinho, sem nenhuma evidência real de que tenha sido auxiliado por outras pessoas ou obedecido a um mandante. O inquérito mais recente tem nove volumes e 1.908 folhas.

Considerado inimputável pela Justiça mediante diagnóstico de que ele tem transtorno mental que o incapacita de entender o caráter de crime que cometeu, ele cumpre medida de segurança na penitenciária federal de Campo Grande (MS).

O documentário do Brasil 247 tem como autor o jornalista Joaquim de Carvalho, que viajou a Minas Gerais e Santa Catarina e entrevistou personagens do episódio, entre outros elementos de apuração.

Segundo a Folha, além de destacar informação falsa — a de que Adélio Bispo de Oliveira foi filiado ao PSD —, o documentário recorre a uma série de teorias da conspiração que pululam na internet, a maioria delas investigadas e descartadas pela Polícia Federal ou pela simples ausência de lógica, e as associa a outras de lavra própria para chegar a ilações sem qualquer comprovação, várias delas contraditórias umas com as outras.

Devo dizer, é normal que, quando a coisa fica feia, alguém diga que político é tudo igual. Mentira, claro. Mas parece que eles realmente se esforçam, principalmente em época de eleição, para serem muito parecidos um com o outro. Justo na época em que você devia escolher um deles por se diferenciar dos demais.

É importante frisar que, quando não há mais espaço para o diálogo e o contato respeitoso com o diferente, quando o impulso se sobrepõe à natureza racional, já não basta que o alerta seja ligado. É preciso que algo seja feito. Quanto antes. O problema é que a cura vai demorar chegar. O vírus do extremismo é tão mortal quanto uma facada.

Leia também: Por uma política sem extremismos – por Lenilson Balla

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Veja também

- Publicidade -