Em declaração feita ao jornal Folha de São Paulo, o suplente do senador Flávio Bolsonaro, Paulo Marinho, afirmou que o parlamentar foi avisado, entre o primeiro e o segundo turno das eleições de 2018, que uma operação da Polícia Federal (PF) contra Fabrício Queiroz e o esquema de rachadinhas e desvio de dinheiro público na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, seria deflagrada em novembro daquele ano.
Paulo revelou também que o alerta a Flávio Bolsonaro partiu de um delegado da PF, partidário de Jair Bolsonaro. A Operação Furna da Onça teve início a partir de um relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), que apontava movimentação de R$ 1,2 milhão nas contas de Queiroz, à época, ex-assessor de Flávio Bolsonaro, no seu mandato como deputado estadual do Rio.
“O delegado então disse, segundo eles: ‘Eu sugiro que vocês tomem providências. Eu sou eleitor, adepto, simpatizante da campanha [de Jair Bolsonaro], e nós vamos segurar essa operação para não detoná-la agora, durante o segundo turno, porque isso pode atrapalhar o resultado da eleição [presidencial]’. Foram embora, agradeceram. Estou contando o que [Flávio Bolsonaro] me falou”, afirmou Paulo Marinho.
Marinho, que é pré-candidato à prefeitura do Rio de Janeiro pelo PSDB, revela que Flávio Bolsonaro o procurou “absolutamente transtornado”, em busca de indicação de um advogado criminal. E lhe confessou que os policiais teriam impedido a deflagração da operação em outubro de 2018, no meio das eleições, para não prejudicar a candidatura de Bolsonaro à presidência.
O partidário de Bolsonaro na Polícia Federal ainda teria dito a Flávio Bolsonaro que deveria demitir imediatamente Queiroz e sua filha, Nathália Queiroz – essa que estava lotada no gabinete de Jair Bolsonaro, à época, deputado federal em Brasília. Ambos foram, de fato, exonerados no dia 15 de outubro de 2018.
Em nota ao jornal Folha de São Paulo, Flávio Bolsonaro afirmou que Marinho “sabe que jamais teria condições de ganhar nas urnas e tenta no tapetão”. Segundo a nota, o senador questiona “por que somente agora inventa isso, às vésperas das eleições municipais em que ele se coloca como pré-candidato do PSDB à Prefeitura do Rio, e não à época em que ele diz terem acontecido os fatos, dois anos atrás?”, diz.