Um relatório da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão concluiu que o número de ataques à liberdade de imprensa mais que dobrou no país em 2020. A informação foi divulgada pelo Jornal Nacional desta terça-feira (30).
Ofensas, agressões, intimidações, ameaças e censuras. Segundo o relatório, o Brasil registrou 150 casos de violação às liberdades de imprensa e de expressão em 2020, um aumento de 167% em relação a 2019.
A Abert cita ainda que o Brasil piorou no ranking mundial de liberdade de imprensa, feito pela organização internacional Repórteres Sem Fronteiras. Caiu duas posições e está em 107° lugar, pior classificação desde o início da contagem, em 2002, atrás de países da América Latina como Chile, Argentina e Paraguai; mas à frente da Colômbia e da Venezuela.
Em todo o mundo, 50 jornalistas foram assassinados, em 2020, por motivos relacionados ao exercício da profissão.
No relatório, a Abert lembra a morte do jornalista brasileiro Léo Veras, assassinado por pistoleiros no Paraguai. Ele era dono de um site com notícias em português e espanhol e publicava notícias sobre o tráfico de drogas na região.
O documento ainda chama a atenção para os ataques e discursos de ódio que a imprensa enfrentou em 2020 durante a cobertura da pandemia do novo coronavírus. Mas que, como destacou a Abert, não foram capazes de parar o jornalismo profissional.
“As hostilidades e agressões contra profissionais de comunicação demonstram intolerância e desconhecimento real do papel da imprensa, que é o de informar a sociedade sobre assuntos de interesse público. Enquanto houver um único jornalista atacado, estará sempre em risco a liberdade de imprensa”, comentou o presidente da Abert, Flávio Lara Resende.
O Departamento de Estado americano divulgou nesta terça (30) um relatório sobre direitos humanos no mundo em 2020. O documento afirma que o governo brasileiro nem sempre respeitou a liberdade de expressão garantida pela Constituição, inclusive a da imprensa. O relatório destaca que muitos jornalistas foram mortos ou sofreram perseguição, ataques físicos e ameaças por causa de suas reportagens e informa que vários deles foram alvo de ataques verbais ao longo da pandemia.
O JN entrou em contato com o Palácio do Planalto que, não se manifestou.