“Ensino híbrido” – por Marcos Tomé

A dica de hoje une o momento atual, as mudanças repentinas na educação e a alternativa adotada.

  • LIVRO: Ensino Híbrido: personalização e tecnologia na educação
  • ORGs: Lilian Bacich , Adolfo Tanzi Neto, Fernando De Mello Trevisani.
  • EDITORA: Penso (Porto Alegre)
  • ANO: 2012
  • REINPRESSÃO: 2019
  • Nº DE PÁGINAS: 270.

O livro “Ensino híbrido: personalização e tecnologia da educação” é resultado de um trabalho feito por professores, mas não somente para professores, e sim, para quem trabalha na educação (gestores escolares, supervisores, coordenadores pedagógicos) e que está na “linha de frente” deste campo tão em destaque nestes últimos 12 meses: a escola.

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Eu diria que, diante do caminho que o mundo tem trilhado nesta pandemia, consequentemente atingindo também a educação, infindáveis dúvidas apareceram e não são poucas também as perguntas que têm circulado em nossa sociedade sobre o caminho a ser trilhado pela escola. E todas são direcionadas especificamente sobre o rumo do ensino e da aprendizagem dos nossos alunos e alunas. Por outro lado, os professores também se preocupam com a melhor maneira de cumprir seu papel. Só que, desta vez, de acordo com esta abordagem, o alvo é mais a aprendizagem do que o ensino; é mais o aprendiz do que o professor; é mais quem aprende do que quem ensina. A vez é de quem quer aprender, entrando em cena nosso protagonista: o aluno.

A responsabilidade da aprendizagem agora é do estudante, que assume uma postura mais participativa, resolvendo problemas, desenvolvendo projetos e, com isso, criando oportunidades para a construção de seu conhecimento. O professor tem a função de mediador, consultor do aprendiz. A sala de aula passa a ser o local onde o aprendiz tem a presença do professor e dos colegas auxiliando-o na resolução de suas tarefas e na significação da informação, de modo que ele possa desenvolver as competências necessárias para viver na sociedade do conhecimento. (p. 15)

Claro que a proposta deste livro não foi diretamente uma resposta para lidar com a educação neste período nefasto pelo qual ainda passamos. Pelo ano da edição, podemos atestar isso. Certo é que fomos praticamente obrigados a encarar uma forma totalmente nova de ensino. Muitas das nossas práticas, pós-pandemia, tiveram que ser adaptada e, pelo que podemos comprovar, elas estão de acordo (ou tentando estar) com as diversas propostas dessa nova abordagem, já vivenciadas pelo Grupo de Experimentações em Ensino Híbrido, desenvolvido pelo Instituto Península e pela Fundação Lemann. Uma coisa é certa: a forma como alcançaremos nossos alunos jamais será a mesma.

O que a tecnologia traz hoje é a integração de todos os espaços e tempos. O ensinar e o aprender acontecem em uma interligação simbiótica, profunda e constante entre os chamados mundo físico e digital. Não são dois mundos ou espaços, mas um espaço estendido, uma sala de aula ampliada, que se mescla e hibridiza constantemente. (p. 39)

Fazem parte deste livro, textos e experiências de 17 autores, das mais diversificadas formações: Ciências Físicas, Biológicas e Sociais, Letras, Matemática, Comunicação, História, Química, Pedagogia, Sistema de Informação, entre outras. O assunto é abordado em 10 capítulos, dentre eles “Educação híbrida: um conceito-chave para a educação, hoje”, “Ensino híbrido: personalização e tecnologia na educação”, “O professor no ensino híbrido”, “As tecnologias digitais no ensino hibrido”, “A avaliação e a tecnologia”. Ao final de cada capítulo, podemos contar com as referências bibliográficas e alguns trazem ainda outras sugestões de leituras e, dependendo do assunto abordado, traz também um QR code, que dá acesso a mais esclarecimentos através de vídeos. Um livro interativo tecnologicamente. Como é voltado para professores (e demais profissionais da área) e procurando fazê-los entender e praticar esta nova abordagem, a linguagem é didática. Não poderia, de modo algum, ser diferente.

O objetivo dos organizadores é oferecer aos educadores possibilidades de juntar as tecnologias digitais com o currículo escolar, de forma que alcancem uma série de benefícios no dia a dia da sala de aula. Isto se faz justamente como maior engajamento dos alunos no aprendizado e melhor aproveitamento do tempo do professor para momentos de personalização do ensino por meio de intervenções efetivas.

Tudo isto como modelos pedagógicos mais inovadores, adotados por escolas que passam a dar em seu projeto político-pedagógico uma ênfase maior no projeto de vida de cada estudante; um maior destaque em valores e competências amplas: de conhecimento e socioemocionais; um equilíbrio mais forte entre a aprendizagem de cada aluno (educação personalizada) combinado com metodologias ativas grupais.

Preparados (ou não) para esta nova abordagem, a educação está acontecendo de forma que o que é tradicional está dando mais espaço para o inovador. Sempre foi assim com todas as manifestações culturais. A transformação é marca registrada da humanidade. O que temos de mais constante é a inconstância, como já disse o poeta. Estamos preparados para sair da famosa zona de conforto? Alguns já saíram e atestam que vale a pena. Porém, para que tudo isso ocorra com excelência e alcance todos os sujeitos do ensino e da aprendizagem, as condições devem ser oferecidas de forma igualitária. Para que todos tenham acesso a tudo. Afinal de contas, educação é investimento e investimento a longo prazo.


Marcos Tomé – Graduado em Letras pela Universidade Federal da Paraíba, é especialista e mestre em Língua Portuguesa (UFPB); também é professor de Língua Inglesa.

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