A culpa não é do acionista – por Bruno Cabral

Você pode ser acionista da Petrobras se quiser, e nem por isso terá culpa no preço da gasolina.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez uma declaração polêmica e sem base econômica sobre a elevação dos preços da gasolina e sua ação em relação à política de preços da estatal Petrobras, caso seja eleito nas eleições deste ano.

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“Nós não vamos manter o preço da gasolina dolarizado. É importante que o acionista receba seus dividendos quando a Petrobras der lucro, mas não posso enriquecer o acionista e empobrecer a dona de casa que vai comprar um quilo de feijão e paga mais caro por causa da gasolina”, declarou Lula em entrevista a uma rede de rádios do Paraná.

É importante salientar neste artigo, que não tenho vínculo político com nenhum partido e nem apoio nem um suposto pré-candidato à presidência. E que minha opinião é baseada em conhecimento técnico como investidor e aluno da área de finanças.

Para começar você precisa entender o que significa o termo “acionista”. Em jogo rápido, é o detentor de ações de uma empresa por meio da bolsa de valores. Uma ação é uma parte do patrimônio líquido de uma empresa. Quem as possui, portanto, o acionista, é “sócio” de uma parte da empresa. Como sócio, ele tem dinheiro investido dentro da companhia.

Com isso, quando uma empresa dá lucro, uma parte desse lucro é distribuída entre seus acionistas (sócios). Claro que cada um recebe de acordo com a porcentagem investida dentro da empresa.

Quem pode ser acionista da Petrobras? Os grandes milionários? Pra falar a verdade vários acionistas são ricos sim. Mas será que você pode ser acionista também? Claro que sim!

Você teria R$ 33,00 sobrando? Essa quantia citada, às vezes é gasta que você nem percebe. Mas com esse valor você pode ser acionista da Petrobras e ganhar dinheiro com isso. No momento que escrevo essa coluna, a ação da Petrobras está custando R$ 32,91, no código PETR4 e R$ 36,00 a PETR3. Está vendo? Qualquer pessoa pode ser sócia dessa empresa independente da sua renda.

O acionista ganha participação nos lucros da empresa, que chamamos de dividendos e através da valorização da ação.

O combustível é uma commodity, por isso seu preço é atrelado ao dólar é negociado no mercado internacional. Igual ao café, soja etc. Se for vendido com base na moeda nacional, a empresa perderá competitividade no mercado e terá que arcar com a diferença de preço do seu próprio bolso, acarretando um grande gasto e portanto, diminuição no lucro, prejudicando os seus acionistas, inclusive o governo brasileiro que possui 51% dos papéis da companhia.

Se o governo aceitar subsidiar a gasolina, a perda gerada terá que ser compensada, e pode haver aumento de impostos. Ou seja, o povo pagando a conta e mais inflação. Em outras palavras, a Petrobras importaria em dólar que é mais caro e venderia em real mais barato, tendo que arcar com a diferença.

Quando a Petrobras não seguia os padrões internacionais, teve muitos prejuízos e rombos bilionários nos seus cofres. A medida foi adotada em 2016, com o objetivo de dar paridade com o mercado internacional.

Lula poderia ter colocado a culpa no atual governo, equipe econômica, desvalorização do real em relação ao dólar, tributação, enfim, que são fatores a serem considerados. Mas deixe o acionista em paz.

Problemas econômicos não podem ser resolvidos com uma simples canetada populista. Isso acarreta prejuízos e contas para o brasileiro pagar. O acionista precisa que a empresa dê lucro, o povo e a economia precisa que a Petrobras dê lucro. Isso gera desenvolvimento e crescimento.

A elevação da gasolina é um problema cambial, inflacionário, entre outros fatores. Não é culpa do acionista. E você pode ser acionista e ganhar dinheiro. E se a dona de casa está ficando mais pobre, não existe nenhuma relação com o acionista. Na Venezuela o petróleo é barato e o povo passa fome, segundo citado por um especialista na coluna do Estadão.


Bruno Cabral – Graduando em Ciências Contábeis pela Universidade Federal da Paraíba, é membro do projeto de extensão Universitária da UFPB: INTELIGÊNCIA FINANCEIRA; também é educador financeiro e palestrante.
Bruno Cabral
Bruno Cabral
Graduando em Ciências Contábeis pela Universidade Federal da Paraíba, é membro do projeto de extensão Universitária da UFPB: INTELIGÊNCIA FINANCEIRA; também é educador financeiro e palestrante.

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