Tabagismo e o seu impacto na saúde do coração – por Dr. Valério Vasconcelos

É notório que fumar faz mal para o pulmão, mas tal hábito também gera problemas para o sistema cardiovascular. O tabagismo tem grande impacto sobre a saúde do coração e falar sobre isso é uma importante forma de alertar o público sobre essa prática nefasta.

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Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos mostram que 25% dos casos de infarto agudo do miocárdio e quase metade dos derrames cerebrais estão associados ao uso do tabaco. No Brasil, conforme o Instituto Nacional do Câncer (Inca), dentre as mortes anuais atribuídas ao tabagismo, 33.179 ocorrem por doença cardíaca e 10.041 por acidente vascular cerebral.

O tabagismo é um fator de risco que aumenta a chance da ocorrência de doenças cardiovasculares. Isso se dá porque o tabaco forma placas de gordura (ateroma) nos vasos sanguíneos (artérias), aumenta a pressão arterial e a frequência cardíaca, induz a resistência à insulina e diabetes e ainda produz inflamação e trombose. Além disso, a inalação do monóxido de carbono reduz a quantidade de oxigênio transportado pelo sangue para as células.

Como o cigarro afeta o coração?

As substâncias tóxicas do cigarro agridem o endotélio, que é a parede de células que reveste os vasos sanguíneos. Ao danificar essa estrutura, há uma interferência na produção da substância protetora, conhecida como óxido nítrico, deixando as artérias mais vulneráveis ao acúmulo de gordura.

É importante ressaltar que os não fumantes que respiram a fumaça do tabaco, os chamados fumantes passivos, têm risco aumentado de desenvolver doenças cardíacas em 25% a 30%. Quando uma pessoa inala a fumaça, ocorre um súbito aumento da pressão arterial, e o coração precisa fazer mais força para bombear o sangue. Com isso, o coração fica sobrecarregado, aumentando o risco de infarto ou AVC.

Comprometa-se a parar de fumar

Para quem deseja abandonar o fumo, os benefícios de parar de fumar começam após 20 minutos do último cigarro. Esse é o tempo para se normalizar o número de batimentos cardíacos, diminuindo o risco de arritmia cardíaca. Após três meses sem cigarro, o risco de infarto declina. Passado um ano sem fumar, o risco de infarto corresponde à metade de um tabagista.

Parar de fumar é importante em qualquer momento da vida. Quanto mais cedo a pessoa parar de fumar, menor o risco de adoecer. O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece tratamento gratuito para ajudar quem deseja parar de fumar.

Busque uma unidade de saúde mais perto da sua residência para iniciar logo o tratamento, principalmente porque, para compensar os efeitos deletérios do tabagismo e ficar com o coração totalmente recuperado, demora entre 10 e 15 anos após o último cigarro inalado.


Valério Vasconcelos é doutor em Cardiologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Médico pesquisador no Instituto do Coração da Faculdade de Medicina da USP (InCor/FMUSP).
Dr. Valério Vasconcelos
Dr. Valério Vasconcelos
Doutor em Cardiologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e Médico pesquisador no Instituto do Coração da Faculdade de Medicina da USP (InCor/FMUSP).

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