Você deve ter ouvido falar, recentemente, da morte de uma mulher de 75 anos que seguia num voo de São Paulo a Paris, capital da França. Ela morreu após passar mal durante a viagem, e a causa do óbito, posteriormente, foi identificada como Trombose Venosa Profunda (TVP).
Trata-se de uma condição clínica (também conhecida como trombose do viajante) em que ocorre a formação de coágulos no sangue e que pode ser fatal.
É possível ocorrerem casos de trombose durante viagens de longa duração porque o passageiro fica sentado por muito tempo durante o percurso, o que represa a circulação sanguínea nos membros inferiores. Ou seja: no repouso prolongado e em situações em que as pernas não se movem como de costume, o fluxo de sangue é retardado. Isso ocorre porque os músculos da panturrilha não se contraem e não empurram o sangue até o coração.
Pessoas com doenças cardiovasculares sofrem mais riscos
A chamada “Síndrome da Classe Econômica” é um nome popularmente dado à trombose venosa profunda (TVP) e pode afetar qualquer pessoa que viaja sentada por longos períodos de tempo, sobretudo pessoas com doenças cardiovasculares e mulheres que usam contraceptivos orais.
Indivíduos com mais de 40 anos apresentam mais chance de ter a doença, e há um risco ainda maior a partir dos 60 anos de idade. O nome da síndrome, inicialmente, referia-se ao problema ocasionado durante viagens de avião, mas hoje se sabe que viagens de automóvel, trens e ônibus também predispõem ao mal.
A mais temida complicação da trombose é a embolia pulmonar, que pode ser fatal. O coágulo se desloca, podendo migrar e ir até o pulmão, onde pode entupir uma artéria e levar à morte.
Quando a pessoa fica sentada por muito tempo, a circulação sanguínea fica mais lenta. Com isso, há aumento da pressão venosa nas pernas, possibilitando a formação de coágulos que podem se deslocar e atingir o pulmão, causando morte súbita por embolia pulmonar.
A TVP se caracteriza pela presença de um coágulo dentro de uma veia, sendo mais comum nos membros inferiores do corpo. A formação desse coágulo ocorre por algumas condições, como lesão endotelial (revestimento interno das veias), estase (dificuldade do sangue circular) e o aumento da viscosidade do sangue (engrossamento do sangue).
Trombose pode ser assintomática, mas também dá alguns sinais
É sabido que a trombose venosa profunda pode ser absolutamente assintomática. Em aproximadamente metade dos casos, aliás, a trombose manifesta sintomas “silenciosos” no paciente. Mas também há situações em que a TVP dá sinais.
Pode ocorrer principalmente dor nas pernas, na região das panturrilhas em especial, que tende a se estender até o tornozelo e o pé. Uma sensação de queimação também pode acontecer, por isso é importante observar se, associado aos sintomas relatados antes, o paciente apresenta falta de ar ou tosse seca.
O que fazer para prevenir uma trombose durante uma viagem?
A depender da condição clínica do paciente, uma longa viagem pode ser um percurso acima de duas horas de duração. Nesses casos, algumas medidas preventivas podem ser adotadas. Confira:
- Dedique atenção à escolha da roupa que você vai usar. Opte por peças confortáveis, que não apertem a cintura ou as pernas;
- Em viagens de avião ou trem, procure caminhar pelos corredores do veículo; já em viagens de carros ou ônibus, faça paradas a cada hora para movimentar as pernas;
- Enquanto estiver sentado, movimente os pés para cima e para baixo;
- Beba líquidos em abundância em viagens de avião. Como o ar dentro da aeronave é muito seco, tal medida evita a desidratação;
- Em qualquer tipo de viagem longa, evite bebida alcoólica e medicação que dá sono. O consumo desses produtos pode dificultar a movimentação das pernas e as caminhadas;
- Use meias elásticas de compressão, pois melhoram o fluxo sanguíneo venoso e diminuem a possibilidade de trombose venosa. Inclusive, vários estudos já comprovaram seu benefício.