Neste dia alusivo aos 65 anos de emancipação política de nosso município, registro esta obra memorável. Um dos mais célebres rio-tintenses, presente visivelmente entre nós, Dr. Antonio Luiz da Silva (Dr. Toinho), dá-nos a honra de conhecer, e de amar ainda mais, a nossa querida cidade.
O livro é de estrutura relativamente volumosa, daquela que nos faz lembrar um dicionário, uma enciclopédia ou um guia para turismo. Para um(a) leitor(a) desavisado(a), ou que ainda insiste em “julgar um livro pela capa”, não podemos julgar também nenhum livro pelo seu tamanho ou espessura. Reforço esta observação, porque ao começar a leitura desta obra, senti-me aos poucos mergulhando num mar de lembranças da minha infância, da minha adolescência, da vida em família, das amizades e da vizinhança… Somos tomados por emoções indescritíveis! Difícil não prosseguir a leitura. Nos prende desde a primeira página.
O texto é fluido, como se estivéssemos lendo notas de um diário, ou tendo aquela conversa agradável na varanda de casa, ou em uma calçada. Ao mesmo tempo, possui uma essência didática (o autor, além de médico, também se apresenta como professor), deixando passar a preocupação e a responsabilidade em deixar seus aprendizados e seus ensinamentos. Comportamento típico de quem atuou como educador.
Divide-se em duas partes principais: “Parte 1 – Histórias”, na qual podemos encontrar as narrativas sobre a capela de Nossa Senhora dos Prazeres, da Vila Monte-Mor, nascimento da Fábrica de Tecido Rio Tinto, os nomes dados a nossa cidade, os povos potiguara, entre tantos outros levantamentos históricos importantes. Fazem parte também deste primeiro bloco de registros, a história religiosa de nossa cidade e construções que também falam de nossa história: a famosa estátua no centro da cidade, o palacete, o Cine Teatro Orion, o Regina Esporte Clube, até a implantação do campus IV da Universidade Federal da Paraíba, dividido com Mamanguape.
Já na Parte 2, intitulada “Crônicas e Contos”, textos como “Memórias de final de ano”, “Eu professor”, “Uma história de amor (fatalidade), “A saudade que ficou”, “O voo do pavão misterioso em Rio Tinto” e “Saudosos carnavais” dão o tom mais que especial a este aglomerado de pérolas que podem ser lidas em forma de textos escritos e de imagens significativas. Me atrevo a dizer – perdoe-me o autor – que todos os textos que aparecem nesta obra não obrigatoriamente devem ser lidos na mesma ordem em que aparecem. Ele é aquela “caixinha de surpresa” que, escolhendo qualquer parte, provoca em nós um momento de deleite com as belas lembranças.
“Fundada por Frederico João Lundgren que, juntamente com seu irmão Arthur Herman Lundgren, ambos naturais de Pernambuco, construiu a Fábrica de Tecidos Rio Tinto, inaugurada em 1924, e a Vila Operária, originando esta cidade.” Dr. Antônio Luiz da Silva.
Rio Tinto aparece aqui, sob diversos olhares e em forma de diversos gêneros textuais: relato de memórias, crônicas, entrevistas, poemas, fotografias etc. Há gêneros para todos os gostos e para despertar novos também. A obra me fez lembrar também um livro didático com suas ilustrações e explicações.
Particularmente, enxergo neste livro um prato abundantemente cheio para historiadores, antropólogos, geógrafos, letrados, artistas, políticos, enfim, estudantes e professores (de todos os segmentos), nativos ou não desta cidade, moradores ou não deste município. Eu diria até que deve estar presente como “leitura obrigatória” em todas as escolas do Vale do Mamanguape. Em nossa cidade, claro, de modo bastante especial. Fica a dica!
O livro nos traz a visão de um lugar que se caracteriza “… como uma cidade tranquila e boa para se morar com histórias marcantes, atrativos turísticos, construções em estilo europeu, reservas ambientais, cultura indígena, belas praias, universidade, muita tradição e um povo trabalhador e hospitaleiro.” Esta é a visão do autor e, com certeza, a visão de seus moradores e dos que passam (ou já passaram) por ela.
Meus agradecimentos, meu modesto reconhecimento e minha singela homenagem a este grande profissional professor, médico, escritor e pessoa amiga. Obrigado por este precioso presente, por mais uma pedra fundamental na construção da memória de nossa cidade. Depois da leitura deste livro, percebemos que não há como declarar amor por algo sobre o qual não temos conhecimento. Esta é a porta para alimentar e sedimentar ainda mais nosso amor e nossa gratidão por este torrão. Boa leitura! Boa viagem!