O uso de anabolizantes gera danos à saúde – por Dr. Valério Vasconcelos

O verão começa, oficialmente, daqui a pouco mais de três meses, mas muita gente já está pensando em como fazer para entrar em forma até dezembro. Até aí tudo bem, o problema é que sempre há quem queira acelerar o resultado por meio de anabolizantes. Além de ser proibido por lei, usar esteroides visando ao aumento da performance física é prejudicial à saúde e uma verdadeira “bomba” para o coração.

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Na verdade, há grandes riscos nessa escolha, pois o uso indiscriminado e em doses altas de esteroides anabólicos com a finalidade de aumento da massa muscular pode causar vários efeitos colaterais à saúde. Entre eles, tumor de fígado, de próstata, alterações no comportamento, coagulação sanguínea e problemas cardiovasculares. Mais: atletas usuários de anabolizantes correm risco de sofrer parada cardíaca e morte súbita.

O consumo excessivo desse tipo de produto é muito perigoso e pode causar danos irreparáveis ao corpo humano, declara o cardiologista. Usar anabolizantes para fins estéticos ou para aumentar o rendimento esportivo é proibido, além de ser de grande risco para a saúde. Conforme o Ministério da Saúde, anabolizantes são medicamentos sob controle especial e só podem ser vendidos em farmácias e drogarias, com retenção da receita médica, de acordo com o que estabelece a Lei Nº 9.965, de 27 de abril de 2000.

Para quem ainda imagina que há exagero na precaução, é necessário reforçar os males dos esteroides. O uso dessa substância causa aumento de acnes, queda do cabelo, distúrbios da função do fígado, tumores no fígado, explosões de ira ou comportamento agressivo, paranoia, alucinações, psicoses, coágulos de sangue, retenção de líquido no organismo, aumento da pressão arterial, aumento dos triglicerídeos, hipertrofia do músculo cardíaco e diminuição da força de contração do músculo cardíaco.

Especificamente sobre o sistema cardiovascular, o coração pode apresentar deficiências a partir da quarta semana de uso de anabolizantes. Pode ocorrer a hipertrofia cardíaca – que costuma permanecer no corpo por até um ano após o seu uso –, bem como a perda da força da contração do coração, de modo irreversível.

A Biblioteca Virtual em Saúde, do Ministério da Saúde, registra que esteroides anabolizantes (EA) são drogas que têm como função principal a reposição de testosterona (hormônio responsável por características que diferem homem e mulher). Isso ocorre nos casos em que tenha ocorrido um déficit desse hormônio, por exemplo, no envelhecimento, pois atuam no crescimento celular e em tecidos do corpo, como o ósseo e o muscular.

Fica claro, assim, que os esteroides até podem ser utilizados em algumas situações, porém apenas sob prescrição médica — e nunca para aumento de massa muscular. Esses hormônios podem ser usados clinicamente e, ocasionalmente, serem prescritos sob orientação médica para repor o hormônio deficiente em alguns homens e para ajudar pacientes com aids, por exemplo, a recuperar peso. Nos casos de necessidade clínica, os pacientes são indicados a tomarem doses mínimas para apenas regularizar sua disfunção.


Valério Vasconcelos é doutor em Cardiologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Médico pesquisador no Instituto do Coração da Faculdade de Medicina da USP (InCor/FMUSP).

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