No mês das festas, alta nos preços atinge população mais pobre

A inflação de novembro foi a pior a atingir a população em quatro anos, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Enquanto os memes sobre churrasquinho de ovo e pedaços de carne sendo carregados em carro-forte proliferam na internet, o churrasqueiro – assim como grande parte da população – não vê perspectiva de voltar a consumir carne como alguns meses atrás sobretudo no mês das festas de fim de ano.

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Levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgado na última terça-feira (10) apontou que as famílias de renda mais baixa, somando até R$ 1.643,78 por mês, são as mais atingidas pela inflação. Além dos alimentos, os gastos com moradia também atingem o bolso dos mais pobres, principalmente, a partir do aumento das tarifas de energia elétrica, com a mudança da bandeira verde para amarela nas contas de luz.

 A política do governo federal de permitir a alta variação do dólar vem atingido e vai continuar a atingir o bolso do consumidor em outros itens alimentícios. A importação de trigo, por exemplo, vai afetar os preços do pão, de biscoitos e massas. Outro item que está acumulando altas nos últimos meses é o feijão – 42% mais caro em 2019.

 Para o coordenador do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Humberto Palmeira, a alta da carne em função do programa de abastecimento para o mercado da China veio para ficar. Isso vai afetar também outros alimentos vinculados à carne, como é o caso do milho, utilizado para ração do gado bovino.

 “A alta do milho vai intensificar também a produção do grão e, consequentemente, tirar espaço de outras culturas de alimentos. Outro ponto é que houve desmonte da produção de arroz da agricultura familiar sobretudo no Norte e no Nordeste, o que tornou inviável transportar arroz do Sul para todo o país. O Brasil não é autossuficiente em arroz e vai importar mais caro da Ásia”, analisa Palmeira.

 O coordenador do MPA lembra ainda que os ataques aos povos tradicionais e a sua produção impedem também a construção de uma alternativa ao agronegócio e ao oligopólio de grandes empresas que definem o preço do alimento para a população.

 “Não é só um cenário de desmontar as políticas de agricultura familiar, é um cenário em que quilombolas, camponeses, posseiros estão sendo violentamente atacados, expulsos dos territórios para dar lugar à expansão das commodities. Não é uma ausência de políticas, é uma presença de política muito clara e que agora vai afetar a alimentação da população inteira”, afirma Palmeira.

Por Eduardo Miranda, do Brasil de Fato

Lenilson Balla
Lenilson Balla
É formado em Jornalismo pela UNINASSAU João Pessoa, tendo iniciado sua carreira no rádio em 1997, com passagens pelas rádios Difusora Cidade (Guarabira), Litoral Norte FM (Mamanguape), 98 FM/Correio Sat (João Pessoa) e Clube FM (João Pessoa). Atualmente, é apresentador e repórter da Correio do Vale 106.1 FM (Mamanguape), emissora do Sistema Correio de Comunicação. Assina este blog de informação e opinião.

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