Infarto pode ser desencadeado por estresse contínuo, alerta cardiologista

Médico ressalta que, até certo ponto, o estresse é entendido como uma necessidade fisiológica.

Pode ser difícil encontrar formas de lidar com o estresse, mesmo sabendo o motivo pelo qual ele existe e quais são as suas consequências. Em situações de estresse contínuo, a defesa do organismo faz com que hormônios como a adrenalina e a noradrenalina sejam liberados, causando redução do calibre dos vasos sanguíneos, espasmos das artérias coronárias, aumento da pressão arterial e da frequência cardíaca.

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O cardiologista Valério Vasconcelos — sendo autor dos livros “Manual de Cardiologia para Graduação” e “O coração gosta de coisas boas”— lembra que cerca de 15% dos casos de infarto são causados por uma situação de estresse repentino e muito forte. “Quando estamos estressados, nosso cérebro interpreta uma situação de risco ou perigo e libera diversos hormônios e substâncias químicas, como a adrenalina, o cortisol e a norepinefrina. Juntos, esses hormônios agem diretamente no sistema cardiovascular: desencadeiam a vasoconstrição das artérias, diminuem assim a oferta de sangue no coração e causam aumento da pressão arterial e da frequência cardíaca”, explica.

O estresse é entendido como uma necessidade fisiológica de autoproteção. Assim, a forma como interpretamos o que estamos vivendo é que determina se ele será positivo ou negativo. “O objetivo final do estresse é sempre o mesmo: fazer com que nos adaptemos a uma nova situação”, afirma o médico.

Quem vive uma rotina estressante libera altos níveis de hormônios que provocam instabilidade no organismo. “A adrenalina, por exemplo, é um deles. Ela atua aumentando os batimentos cardíacos e a pressão arterial, o que pode culminar em um ataque cardíaco e até levar à morte. Já o cortisol, outro hormônio liberado durante situações de estresse, também pode causar a morte em pessoas que já tenham doenças cardiovasculares”, destaca Vasconcelos.

O médico afirma que não é raro ocorrer de alguém acreditar que está sofrendo um infarto ao vivenciar uma situação de estresse. “Durante uma crise de estresse, sintomas como falta de ar, coração acelerado e transpiração excessiva podem acontecer e esses são semelhantes aos de um infarto”, frisou.

Conforme o cardiologista Valério Vasconcelos, existe formas de identificar se o estresse está se tornando um problema. Agitação, ato de falar ou comer muito rápido, aumento ou diminuição do apetite, sudorese e alteração no sono são alguns deles. “Além disso, as pessoas que sofrem de estresse constantemente também podem desenvolver um quadro de ansiedade. Nas fases mais avançadas, o indivíduo já não consegue realizar suas atividades adequadamente. No coração, ainda existe uma aceleração dos batimentos cardíacos, o que pode levar ao aumento da pressão”, disse.

Os altos níveis de estresse podem causar muitos problemas à saúde do coração, visto que a aceleração dos batimentos cardíacos pode levar ao aumento da pressão. “A pressão alta, por sua vez, tem impacto no coração, como o maior risco de infarto e de AVC (Acidente Vascular Cerebral)”, alerta. Pessoas que têm outros fatores de risco para as doenças cardiovasculares, como os idosos, o efeito agudo dos hormônios no coração pode levar a arritmia ou parada cardíaca.

Em resumo: a produção de hormônios gera adrenalina, que causa impacto no coração. Assim, podem surgir saídas inadequadas para aliviar o estresse, como cigarro, álcool e má alimentação, que geram problemas cardiovasculares a longo prazo. “O efeito agudo de hormônios do estresse somados à idade avançada pode ocasionar uma possível arritmia ou parada cardíaca”, reitera o cardiologista.

O cardiologista afirma ser essencial incluir alguma atividade física no dia a dia, isso ajuda reduzir o risco de infarto gerado por episódios constantes de estresse. “Isso porque, além de reduzir o estresse ao se exercitar, o músculo cardíaco se fortalece e produz novas redes de circulação do sangue”, orientou.

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