Doenças do coração são uma epidemia evitável – por Dr. Valério Vasconcelos

As doenças cardiovasculares são uma verdadeira epidemia evitável, mas a maioria da população subestima alguns problemas de saúde que, quando não tratados devidamente, afetam o coração. Além da hipertensão arterial e do colesterol elevado, há muitas outras condições que são danosas ao órgão. Vão de bullying no trabalho a sono ruim, passando por má higiene bucal e até mudanças climáticas.

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Bullying no trabalho, poluição sonora, desastres naturais, má higiene bucal, microbiota intestinal desbalanceada, dormir mal, apneia do sono, doenças autoimunes, depressão e estresse afetam a qualidade de vida do indivíduo e, consequentemente, a saúde do coração. Além disso, incluem-se entre as situações prejudiciais ao sistema cardiovascular as mudanças no clima.

Por exemplo, uma redução de três graus na temperatura aumenta em até 30% as internações por insuficiência cardíaca ou infarto. Períodos muito quentes também são danosos aos vasos sanguíneos. Nos meses de calor, aumenta o risco de desidratação e há uma tendência de a pressão arterial cair, como citei no meu livro “O coração gosta de coisas boas”.

Hipertensão arterial, colesterol elevado, uso de drogas ilícitas, álcool em excesso, diabetes, gordura abdominal, tabagismo e sedentarismo também são fatores de risco para doenças cardiovasculares.

SETEMBRO VERMELHO É DEDICADO À SAÚDE DO CORAÇÃO

Mesmo que todas essas condições favoreçam o surgimento de doenças cardiovasculares, é importante que você saiba que é possível evitar os fatores de risco. Aliás, estamos no Setembro Vermelho, mês dedicado à saúde cardiovascular por causa do Dia Mundial do Coração, celebrado em 29 de setembro. A data se constitui em um momento importante para conscientizar a população sobre formas de buscar maior qualidade de vida e, assim, também proteger o coração.

Anualmente, a data de 29 de setembro é marcada pelo Dia Mundial do Coração. O momento foi escolhido pela Federação Mundial do Coração e se tornou oficial em 2000. Seu principal objetivo é demonstrar a importância dos cuidados com a saúde do coração para se ter uma vida melhor. As ações acontecem em vários níveis e buscam a prevenção como forma de ser mais saudável. O Dia Mundial do Coração ainda serve para lembrar que muitas doenças cardiovasculares são assintomáticas.

Por isso, o diagnóstico precoce é fundamental para reverter os danos e restaurar a função do músculo cardíaco. Para o coração, quanto mais tempo se perde, mais impactado fica o músculo, ou seja, tempo é músculo.  A prevenção é o caminho mais rápido para promover mudanças e, para isso, é necessário informar sobre a importância da boa alimentação e de um estilo de vida saudável.

LEMBRE-SE DE FAZER UM CHECK-UP

Para prevenir doenças cardiovasculares, a consulta de rotina a um cardiologista é essencial, principalmente para o podemos chamar de público prioritário: homens acima de 45 anos; mulheres após início da menopausa; pessoas com histórico familiar de doenças cardiovasculares; indivíduos com hipertensão; diabéticos; obesos; pessoas com colesterol e triglicérides elevados; fumantes; portadores de doenças cardíacas; praticantes de atividade física de alto impacto regular (como corrida, triatlo); e sedentários que querem iniciar atividade física.

Independentemente da idade, há sinais/sintomas a que você deve ficar atento quando o assunto é saúde do coração. Dor no peito; falta de ar; batimentos cardíacos irregulares; cianose (que se caracteriza pela coloração azulada incomum nas pontas dos dedos, nos pés e pode se manifestar nos lábios), tontura e desmaio são sintomas de que algo está errado com o seu coração.

AUSÊNCIA DE PACIENTES NOS CONSULTÓRIOS

Ao longo dos últimos meses, um fato tem me preocupado: a baixa presença dos pacientes nos consultórios médicos.  Por isso, gostaria de chamar a atenção para a necessidade de cuidados contínuos com os cardiopatas (pessoas que têm doenças no coração) mesmo durante a pandemia. Por causa do novo coronavírus, as pessoas deixaram de ir aos médicos com medo de se contaminar, mas, infelizmente, continuam a morrer de infarto e AVC.

Tal situação acende ainda mais o sinal de alerta, quando sabemos que, no Brasil, há 14 milhões de pessoas com doenças cardíacas e 380 mil morrem todos os anos devido às doenças cardiovasculares. O excesso de mortes em 2020 decorre sobretudo de causas relacionadas à covid-19 e até há uma redução nas notificações de mortes por infarto e AVC. No Brasil, houve uma redução da ordem de 12%. A Sociedade Brasileira de Cardiologia aponta, no entanto, que as notificações de óbito por doenças cardíacas por causa indeterminada no domicílio aumentaram 50%, o que é lamentável.


Valério Vasconcelos é doutor em cardiologia pela Universidade de São Paulo/Instituto do Coração (USP/INCOR), pesquisador e escritor. Doutor em Cardiologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Médico pesquisador no Instituto do Coração da Faculdade de Medicina da USP (InCor/FMUSP).

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