Conheça nove mitos sobre pressão alta – por Dr. Valério Vasconcelos

Cardiologista explica por que não se deve acreditar neles.

A hipertensão arterial afeta entre 30% e 35% da população brasileira acima de 18 anos. Já entre a população idosa, o percentual de pessoas com pressão alta, como a doença é popularmente conhecida, chega a 60%.

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Questões sobre alimentação, prática de atividade física e utilização de remédios deixam muita gente em dúvida. Para derrubar nove mitos sobre o tema, fiz uma lista com alguns mitos mais difundidos, explicando porque não passam de informação equivocada.

Mito 1 – Não tenho na família ninguém com hipertensão arterial, sendo assim também não serei hipertenso

A herança genética é a maior causa de hipertensão. Quem tem um dos pais hipertensos tem 30% de chance de também se tornar hipertenso. Se a herança é de pai e de mãe, o risco de ser hipertenso é em torno de 60%. Se a essa herança se soma também ganho de peso, excesso de sal, estresse e sedentarismo, as chances de hipertensão são de quase 100%. Mas há pessoas que mesmo sem herança genética podem ter hipertensão. A exposição ao estresse e a ingestão exagerada de sal contribuem sobremaneira para a instalação da hipertensão arterial nas pessoas geneticamente predispostas.

Mito 2 – A hipertensão arterial só acomete adultos acima de 50 anos

A pressão alta é uma doença traiçoeira e democrática. Traiçoeira porque não dá sintomas; democrática porque se manifesta em qualquer idade. Afeta crianças, adultos e idosos, os dois sexos e qualquer etnia (branca, negra, amarela). Mas ao menos 50% dos homens e mulheres acima dos 50 anos de idade apresentam hipertensão. Aos 60 anos, esse percentual sobe para 60% e, daí em diante, não para de crescer.

Mito 3 – Não preciso tomar meus remédios todos os dias, só devo tomar quando a minha pressão estiver alta

O paciente nunca deve parar de tomar os remédios por conta própria, pois a pressão arterial ficou controlada justamente pelo efeito do medicamento. Caso deixe de tomar a medicação, o paciente pode ter crises hipertensivas, além do risco muito grande de Acidente Vascular Cerebral (derrame cerebral). Por isso é importante que se tome o medicamento de uso contínuo.

Mito 4 – A redução do consumo de sal já é suficiente para a prevenção da hipertensão arterial

Para o bom controle da pressão arterial, algumas medidas não farmacológicas são importantes e vão além da moderação do sal nos alimentos. São ações como evitar tabagismo, reduzir o consumo de açúcar, diminuir a ingestão de álcool, iniciar um programa de atividade física após a liberação pelo médico, gerenciar o estresse e dormir um sono de qualidade. Em alguns casos, é necessário o uso de medicamento quando prescrito pelo médico.

Mito 5 – A hipertensão arterial na maioria das vezes tem cura

A hipertensão arterial, na maioria das vezes, não tem cura, mas tem controle. A maior parte das pessoas que têm pressão alta apresenta a chamada hipertensão arterial sistêmica, primária ou essencial, ou seja, sem uma causa reversível identificada.

Mito  6 – Não preciso me preocupar com o açúcar na dieta já que só tenho pressão alta

O consumo excessivo de açúcar está relacionado ao desenvolvimento de hipertensão a longo prazo. A principal teoria é que o sobrepeso, que está associado ao açúcar em excesso, acaba levando à hipertensão.

Mito  7 – Somente o médico sabe aferir minha pressão arterial, não vale a pena fazer medidas residenciais

A verificação da pressão arterial fora do consultório pode ser útil para a confirmação e para o tratamento da hipertensão arterial sistêmica.

Mito 8 – Atividade física está contraindicada para pacientes hipertensos com controle adequado da pressão com medicação

A atividade física é hoje a arma consagrada contra a hipertensão. Além disso, ela ajuda também a baixar colesterol, glicose e outras taxas. Praticar esporte ajuda a regular o sistema nervoso simpático, que é responsável pela pressão arterial.

Mito 9 – Remédio bom para hipertensão arterial tem que ser caro, caso contrário não funciona

O remédio bom para o hipertenso é aquele que é adequado para o tipo de hipertensão. O remédio pode ser, muitas vezes, barato e até mesmo fornecido pelo governo federal.


Valério Vasconcelos é doutor em cardiologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, pesquisador e escritor. Médico pesquisador no Instituto do Coração da Faculdade de Medicina da USP (InCor/FMUSP).
Dr. Valério Vasconcelos
Dr. Valério Vasconcelos
Doutor em Cardiologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e Médico pesquisador no Instituto do Coração da Faculdade de Medicina da USP (InCor/FMUSP).

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