O Natal representa vida, renovação, tempo novo. Celebrar esse momento especial com familiares e amigos é muito bom, mas não podemos nos esquecer da saúde: física e mental. Pensando nisso, escolhi alguns itens que devem estar em sua cesta de Natal. Na minha seleção, estão vinho tinto, chocolate amargo, otimismo e música. Tudo isso faz bem ao coração e deve ser adotado por você não apenas no Natal, mas todos os dias do ano.
Vinho tinto – O consumo moderado de vinho tinto está associado à redução da mortalidade e das hospitalizações por doença cardiovascular relacionada à placa de gordura nas artérias do coração (angina e infarto). A ingestão moderada de álcool (uma a duas doses) promove elevação nos níveis de HDL (colesterol bom) semelhante à encontrada com a prática de exercícios, que é de aproximadamente 12%. A maioria dos efeitos protetores do vinho tinto na aterosclerose é atribuída aos flavonoides, que possuem propriedades antioxidantes, vasodilatadoras e antiagregante plaquetária. EM TEMPO: quem toma um cálice de vinho ao dia, durante as refeições, com o objetivo de evitar possíveis problemas no coração, mas tem como inconveniente os efeitos colaterais do álcool, pode substituir a bebida por suco de uva.
Chocolate amargo – Comer chocolate amargo algumas vezes na semana reduz o risco de contrair doenças cardíacas, pois o alimento protege o sistema cardiovascular. O raciocínio é que o grão de cacau é rico em flavonoides. Além de ter qualidades antioxidantes, os flavonoides possuem outras influências potenciais sobre a saúde vascular, como baixar a pressão sanguínea, melhorar o fluxo sanguíneo para o cérebro e o coração e tornar as plaquetas sanguíneas menos pegajosas de coagular. Atualmente, não há um tamanho de chocolate estabelecido para ajudar as pessoas a colher os benefícios cardiovasculares que o chocolate amargo pode oferecer. Então, por enquanto, desfrute de porções moderadas de chocolate amargo (30g, o que corresponde a um quadrado de um tablete com aproximadamente 170g) algumas vezes por semana.
Música – Quando escutamos música, nosso ouvido transforma os sons em estímulos elétricos que, ao chegarem no cérebro, aumentam a produção de endorfina. Esse hormônio causa sensação de bem-estar, aliviando o estresse, relaxando o corpo, diminuindo os batimentos cardíacos e a pressão arterial. As descobertas, apresentadas em um congresso anual da Sociedade Europeia de Cardiologia em Amsterdã, sugeriram que a liberação de hormônios-chave enquanto se ouvia música estava por trás das mudanças. Quando ouvimos a música que gostamos, são liberadas endorfinas no cérebro, o que melhora a nossa saúde vascular. Estudos europeus, inclusive, sugerem uma melhora da função endotelial (revestimento interno dos vasos onde inicia a formação de placas de gordura, os ateromas). Detalhe: não há a melhor música ou ideal de música, o que importa é ouvir a música que a pessoa gosta e a faz feliz.
Otimismo – O poder do pensamento positivo na prevenção e cura das doenças cardíacas tem sido alvo de estudo por parte de vários pesquisadores em vários centros de pesquisa. Os pesquisadores da Escola de Saúde Pública de Harvard (HSPH) descobriram que o bem-estar psicológico positivo parece reduzir o risco de ataques cardíacos, AVC (Acidente Vascular Cerebral) e outros eventos cardiovasculares. O pensamento positivo tem o poder de transformação diante de muitas situações estressantes e também pode reduzir o risco de problemas cardíacos, conforme pesquisa que evidenciou que pessoas com pensamento positivo possuem melhores taxas de colesterol e de açúcar no sangue (fatores de risco que aumentam muito a chance de se ter um infarto). Além disso, pessoas otimistas costumam ser mais ativas fisicamente e se alimentam melhor, mantendo o corpo mais saudável.
VALÉRIO VASCONCELOS é doutor em cardiologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, pesquisador e escritor. Médico pesquisador no Instituto do Coração da Faculdade de Medicina da USP (InCor/FMUSP).