O aumento de casos de gripe na Paraíba (especialmente com notificações relacionadas ao vírus influenza A do subtipo H3N2) levou muita gente a buscar medicamentos nas farmácias, mesmo sem consultar previamente um especialista. Para o cardiologista e pesquisador Valério Vasconcelos, tal prática requer moderação, pois a automedicação com antigripais pode gerar problemas, principalmente para certos grupos de indivíduos, como pessoas idosas e hipertensas.
“Um problema comum nessa época é a ingestão de antigripais sem acompanhamento médico por pacientes idosos, hipertensos ou portadores de cardiopatias”, diz o médico. Ele explica que o uso sem prescrição médica desse tipo de medicamento e sem acompanhamento de um especialista pode agravar doenças cardiovasculares. “Os remédios antigripais podem elevar a pressão arterial e ocasionar doenças, como insuficiência cardíaca, insuficiência coronariana e miocardite”, alerta Valério Vasconcelos.
Para o médico, que é autor do livro “O coração gosta de coisas boas”, o uso indiscriminado de antigripais pode ser muito prejudicial ao coração, pois alguns desses medicamentos têm na fórmula elementos que podem comprometer a saúde cardíaca. Descongestionantes nasais, por exemplo, contêm a substância fenilefrina e podem ser fatais para o coração.
“O uso indiscriminado de descongestionantes nasais pode propiciar aumento da pressão arterial, com risco de derrames e infartos, e provável aparecimento ou agravamento de arritmias, inclusive as consideradas graves e que ocasionam a morte”, declara Valério Vasconcelos. E alerta: mesmo quem não tem problemas cardíacos deve evitar o uso contínuo de descongestionante nasal sem prescrição médica, para não desenvolver um problema futuro. “Caso a pessoa apresente sintomas gripais, o ideal é que fala com seu médico, para receber a devida orientação”, ressalta.
Doença coronariana pode se agravar com a gripe
Valério Vasconcelos comentou ainda que processos inflamatórios e síndromes gripais aumentam as chances de danos ao sistema cardiovascular, inclusive com maior possibilidade de infarto. A doença coronariana é inflamatória e quando a pessoa sofre com a gripe, por exemplo, essa situação pode se agravar, causando outras complicações, como o infarto.
Um indivíduo, por exemplo, que apresenta problemas cardiovasculares e é infectado pelo vírus influenza precisa tratar a infecção o mais rápido possível, visto que o vírus vai para o coração e provoca inflamação do músculo cardíaco. “Dessa forma, o coração não bombeia direito e a pessoa pode ter uma morte súbita, já que o corpo não recebe oxigênio necessário’’, diz Valério Vasconcelos.